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terça-feira, 28 de maio de 2013

Ofélia


E se eu realmente tivesse que morrer hoje,
antes das rugas,
dos cabelos brancos,
das velas de aniversário.
E se eu tivesse que morrer hoje,
antes do amor,
dos filhos,
dos netos.
E se eu morresse hoje,
antes do diploma,
das contas,
da casa.
E se eu morresse
se, e apenas se eu morresse
quando meu corpo não mais reagisse
minhas lágrimas não mais caíssem
meus sorrisos não mais se abrissem.
Se morressem...
Ah!
Se morressem
aqueles que morrem
Mas não!
Não morrem
Ao contrário, de fato.
Assombram e arrancam pedaços
daquilo que chamamos coração
E por isso a morte dói
Assusta
Entristece
Mas quando eu morrer...

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Partidas e o que as motivam.


       E parto agora da minha pátria amada, meu berço gentil, meu pátio amado. Não saio feliz, não saio de coração leve. Ao contrário. Ele se encontra mais pesado que minha consciência, se é que isso é possível.
       Mas não consigo lidar com a minha bagunça, da mesma forma que não consigo domar os meus cabelos revoltados pela manhã. Não consigo olhar para os meus erros, mesmo que eles há muito não passem de rasuras em páginas passadas no caderno da minha vida. Não consigo enfrentar os meus fantasmas, mesmo que eles não existam. Não consigo olhar nos olhos das minhas vítimas, mesmo que elas não se sintam vitimadas.
       Mas parto. E não há nada que alguém possa impedir.
       Minha alma já não mais está aqui.