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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Partidas e os que são deixados para trás (parte II)


       E apesar de todas as pistas, todos os pequenos "adeus" que ela dava todos os dias, todos os gestos que provavam que há muito ela já não nos pertencia, eu não consegui deixar de me sentir traído ao acordar um dia e não encontrá-la ao meu lado. Nenhum bilhete. Nenhum adeus. Nenhum nada.
       Eu já deveria saber, é claro. Eu deveria ter previsto. Mas eles dizem que o amor é cego, e aparentemente eu também sou. Não me toquei quando acordei naquele dia e você já estava acordada, olhando fixamente para o horizonte. Não me toquei quando você preparou café preto forte e colocou em uma jarra perto da janela. Não me toquei quando você sussurrou "Adeus" antes de adormecer na noite anterior, e por isso eu me chuto mentalmente e me desespero, enrolado nos lençóis que antes cobriram o seu corpo.
       O desespero me consome, enquanto o seu cheiro me sufoca lentamente, e deixo-me afundar cada vez mais na cama. Eu poderia ter te parado. Eu poderia ainda te ter.
       Fui abandonado.
      Mas não estou sozinho.
       A solidão entrou pela mesma porta que você saiu.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Os créditos sempre rolam quando o filme chega ao final.

     
O caso era sério.
Era o cansaço, a tristeza que batia no fim de semana.
O passado que voltava à noite.
Os fantasmas, os zumbis das pessoas amadas.

Ela fingiu não mais amar.
Ela fingiu não se importar.
Ela fingiu e fugiu.

Já não era mais a mesma.
O abandono, o descaso, tudo e todos a consumiram e deixaram o ossos para o acaso.
Cansaço.
Passado.
Aquele que não sumia, apesar de todas suas tentativas.

Por fim,
o fim.
Daqueles que sucedem um filme ruim
(muito ruim)
como sua vida não podia deixar de ser.

Afinal,
a estrela era ela.
E brilho,
nem mesmo no olhar.