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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Let it be


     Deixe ser. Deixe-ser o amanhecer, que sempre aconteceu antes e acontecerá mesmo depois de você. Deixe ser. Deixe ser e cresça, aprenda, viva. Deixe ser. É a única opção, na verdade. Por mais difícil que seja admitir. E é difícil. Extremamente. Porque é muito mais fácil controlar (os colonizadores que o digam). É muito mais fácil mentir e omitir. É muito mais fácil fingir. 
       Tudo é mais fácil do que verdadeiramente viver. E não faz mal.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Liberdade


       O que eu quero é liberdade. Mas não essa coisa comercial e pré-pronta que você me apresenta, dia após dia, de mão beijada. Eu quero liberdade. A verdadeira. Aquela que Mandela quis antes de mim. Aquela que foi tirada de Galilei. Aquela que Lispector não sabia descrever.
       Porque é tudo muito simples, é tudo muito fácil. Você chega, faz cafuné, e em dois segundos o que era presente vira passado e eu não sei mais onde nós estamos. Não sei se já estávamos aqui e eu apenas ignorei. Obviamente, essa é a opção mais óbvia.
      Mas ao mesmo tempo, estou assustada. E não sei se meu medo é reflexo da nossa relação (se a culpa é sua) ou se é normal (se a culpa não é de ninguém), porque ambos sabemos que eu não tenho culpa em nada.
       A escolha não foi minha mesmo.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

11 de setembro e a vida



                Neste exato momento em que escrevo, as lágrimas caem dos meus olhos como gotas de chuva escorrem em uma janela, e eu tremo com os soluços que já não consigo controlar. Conhecimento mata. Mata sim. E eu sou a prova disso.
                Porque até aproximadamente duas horas atrás eu estava bem. Sorrindo. Feliz. Sabia que o mal existia, é claro, mas não esperava que ele vivesse tão próximo ou que ele fosse tão poderoso e assustador. Eu era uma observadora passiva de um quadro pintado por outro artista, já manchado pelo tempo. Mas não hoje. Não mais.
                Não que agora eu seja a artista. Vivemos em um período sem maiores perigos, e mesmo que não fosse assim, quem sou eu para ser alguém? Tenho 14 anos. Sou uma menina. Choro fácil. Apego-me fácil. Machuco-me fácil. Não apresento resistência nem esperança pra ninguém.
                Mas sou um ser humano. E como ser humano, além de ter capacidade de abstração, também sou capaz de ficar emocionada. De sentir empatia. E é isso que eu sinto. É isso que me faz chorar agora, como não o fazia desde a morte do meu avô.
                O motivo? 11 de setembro. Não, não a famigerada terça feira de 2001. Refiro-me a uma que ocorreu 28 anos antes, no Chile. Talvez você nunca tenha ouvido falar do que aconteceu. Até pouquíssimo tempo, nem eu sabia.
                Talvez seja hipocrisia minha. Não chorei (tanto assim) ao saber da Segunda Grande Guerra nem da Primeira. A ditadura militar me irritou mais do que me chateou. Mas o que aconteceu nesse país estrangeiro a tão pouco tempo, paralelamente ao nosso próprio sofrimento também influenciado pelos Estados Unidos (embora em uma escala muitíssimo menor) levou-me ao estado de bebê novamente, em posição fetal aos prantos, sendo consolada pela minha mãe.
                Não darei aula de história. (Ainda) não sou formada nessa matéria. Se te interessar saber o que aconteceu, assista a esse vídeo, a causa de toda a minha tristeza: http://www.youtube.com/watch?v=nQZ90Dz4OuM&feature=youtu.be
                Somos todos seres humanos. Mas o que leva um de nós a exterminar (ou quase isso) sua própria raça? Inteligentes? Animais inteligentes? Só se for piada. Mais do que lágrimas e soluços de tristeza, eu sinto uma reviravolta no meu estômago que quase me faz vomitar. Nojo. Essa é a principal emoção em mim.
                Sinto frio e medo. Não pelo passado, já que não podemos mudá-lo, mas pelo futuro. Sinto-me impotente. Assustada. Uma garotinha encolhida que precisa desesperadamente do consolo dos pais. Eu não sabia que era assim. Eu não esperava que fosse assim. Eu não quero que seja assim.
                Mas a vida engana.
                E a morte seduz.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Esperando


       Metade da nossa vida é perdida esperando. Esperando por pessoas, por acontecimentos, pela hora certa para ir atrás do que queremos. Esperando. Muitas vezes esperando pelo momento certo para esperar (eu sei, é confuso), mas é a vida. Não tenho como reclamar.
       E agora aqui estou. Esperando por você. Ou melhor, simplesmente esperando. Por que a verdade é, eu não tenho mais o que esperar. As cartas já estão na mesa. O jogo acabou. Mas eu continuo encarando cega o rei de espada que você descartou. E lentamente, uma lágrima cai do meu rosto. Molha a mesa de madeira e eu pisco duas vezes, focando meu olhar em um ponto além da sua face de ferro.
       Dois podem jogar esse jogo.
       Lentamente, um sorriso abre-se em meu rosto. Um sorriso inocente, mas ele te desarma. E eu rio. Levanto-me, saio. Subo as escadas e olho pra você uma última vez, de cima.
       O show deve continuar.


p.s.: se alguém conseguir descobrir as três referências musicais que eu coloquei aqui, ganha um beijo.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Machuque-me.

     
       Machuque-me. Agora. Ou depois. O tempo inteiro. Contanto que haja dor. E que esta permaneça. Machuque-me. Logo. Quanto mais cedo melhor. Por quanto tempo for possível. Machuque-me. Por favor. Quero dor. Quero dor. Quero dor.
       Aposto que é isso que você escuta quando eu falo o contrário.