Páginas

sábado, 16 de fevereiro de 2013

11 de setembro e a vida



                Neste exato momento em que escrevo, as lágrimas caem dos meus olhos como gotas de chuva escorrem em uma janela, e eu tremo com os soluços que já não consigo controlar. Conhecimento mata. Mata sim. E eu sou a prova disso.
                Porque até aproximadamente duas horas atrás eu estava bem. Sorrindo. Feliz. Sabia que o mal existia, é claro, mas não esperava que ele vivesse tão próximo ou que ele fosse tão poderoso e assustador. Eu era uma observadora passiva de um quadro pintado por outro artista, já manchado pelo tempo. Mas não hoje. Não mais.
                Não que agora eu seja a artista. Vivemos em um período sem maiores perigos, e mesmo que não fosse assim, quem sou eu para ser alguém? Tenho 14 anos. Sou uma menina. Choro fácil. Apego-me fácil. Machuco-me fácil. Não apresento resistência nem esperança pra ninguém.
                Mas sou um ser humano. E como ser humano, além de ter capacidade de abstração, também sou capaz de ficar emocionada. De sentir empatia. E é isso que eu sinto. É isso que me faz chorar agora, como não o fazia desde a morte do meu avô.
                O motivo? 11 de setembro. Não, não a famigerada terça feira de 2001. Refiro-me a uma que ocorreu 28 anos antes, no Chile. Talvez você nunca tenha ouvido falar do que aconteceu. Até pouquíssimo tempo, nem eu sabia.
                Talvez seja hipocrisia minha. Não chorei (tanto assim) ao saber da Segunda Grande Guerra nem da Primeira. A ditadura militar me irritou mais do que me chateou. Mas o que aconteceu nesse país estrangeiro a tão pouco tempo, paralelamente ao nosso próprio sofrimento também influenciado pelos Estados Unidos (embora em uma escala muitíssimo menor) levou-me ao estado de bebê novamente, em posição fetal aos prantos, sendo consolada pela minha mãe.
                Não darei aula de história. (Ainda) não sou formada nessa matéria. Se te interessar saber o que aconteceu, assista a esse vídeo, a causa de toda a minha tristeza: http://www.youtube.com/watch?v=nQZ90Dz4OuM&feature=youtu.be
                Somos todos seres humanos. Mas o que leva um de nós a exterminar (ou quase isso) sua própria raça? Inteligentes? Animais inteligentes? Só se for piada. Mais do que lágrimas e soluços de tristeza, eu sinto uma reviravolta no meu estômago que quase me faz vomitar. Nojo. Essa é a principal emoção em mim.
                Sinto frio e medo. Não pelo passado, já que não podemos mudá-lo, mas pelo futuro. Sinto-me impotente. Assustada. Uma garotinha encolhida que precisa desesperadamente do consolo dos pais. Eu não sabia que era assim. Eu não esperava que fosse assim. Eu não quero que seja assim.
                Mas a vida engana.
                E a morte seduz.

2 comentários:

  1. Infelizmente pessoas como eu e você não conseguem simplesmente ver uma coisa dessas e continuar a vida como se nada tivesse mudado. Pessoas que são capazes de sentir empatia como você tem um dom muito bonito, porém ele traz muita tristeza. Conhecimento pode sim trazer tristeza, mas também nos dá sabedoria. Sabedoria para tomar conhecimento de todo o mal que o mundo tem, mas essa mesma sabedoria nos diz como agir diante de tudo isso. Às vezes a gente pensa que não está fazendo nada pra ajudar, mas só de escrever, compartilhar, falar nas ruas, mandar uma carta, participar das coisas, através de atos como esses nós fazemos uma diferença. Pode ser pouca, mas é o que podemos fazer. E eu te conheço, você não se cala, não se deixa ser calada e isso faz com que você já seja uma militante das suas causa. Nunca deixe de lutar pelo que você acredita, só assim você vai encontrar paz com tudo isso que te deixa triste. Esse é meu conselho. Chore, mas lembre que você não está sozinha e que apesar de muita maldade, também tem muita gente espalhando o bem e acreditando nele.
    André

    ResponderExcluir

Respire e fale.