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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Flores de plástico

     
       Não quero mais ver flores de plástico em cima de um vaso em cima de uma mesa enquanto uma pessoa na qual eu deveria confiar me avisa que eu deveria ser mais autêntica. Com licença. Acho que esqueci de lavar os ouvidos. Você quer o quê, querida? Autenticidade? Pasmem. Ao menos o significado dessa palavra lhe é conhecido? Acredito que não.
       Não me peça autenticidade, PELO AMOR DE DEUS. Não neste mundo, não nesta sociedade. Eu vou ignorar os seus conselhos e seus pedidos, vou descartá-los como se fossem lixo. Já descartei o meu verdadeiro "eu" há muito tempo, e não tenho mais como recuperar.
       A verdade é que tenho medo. A verdade é que tenho absoluto pavor de ser eu mesma. Todas as vezes que tentei baixar as muralhas, tirar a máscara e despir-me da armadura, saí tão machucada da guerra que pensei que não poderia me recuperar, jamais. Então Deus me livre de ser autêntica.
       Ou pelo menos, da próxima vez que você for aconselhar alguém, compre flores verdadeiras. Daquelas que precisam de água. Daquelas que não empoeiram. Daquelas que são descartáveis, sabe? Morrem e se degradam...
       Assim como nós.

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